Em junho, Knightmare analisou o desenvolvimento do conhecimento no Tibia e as diferentes maneiras de apresentá-lo aos jogadores. No entanto, a sabedoria não é estática. Talvez, possamos até mesmo afirmar, que ela tem uma vida própria. Ela está em constante evolução, e mudando para incluir novas histórias e personagens. É ela que, não só fornece a estrutura para construir um mundo envolvente, quanto possibilita uma razão e um propósito a este mesmo mundo.
Este mês, Knightmare apresenta partes de seus pensamentos não apenas sobre o conceito da ascensão dentro da sabedoria tibiana, mas, também, em como a ascensão ajuda na expansão da própria sabedoria.
A partir da gênese do Tibia tivemos uma base sólida para expandir as histórias. Muitos dos conceitos que surgiram mais tarde refletiram a realidade do jogo e as necessidades de se harmonizar com a história fundamental. Eu desenvolvi a sabedoria de uma forma na qual esperava que permitisse explicar (ou pelo menos justificar) uma série de expansões futuras que viriam. Se você olhar atentamente e brincar com algumas das interpretações, perceberá que, mesmo as mudanças nas regras do jogo são, de alguma forma, explicáveis dentro do contexto.
Agreguei ao jogo algumas concepções muito flexíveis que podem ser moldadas em torno de algo que a ser implementado, se adaptando a longo prazo.
Um dos conceitos mais básicos é a ideia de que há almas habitando os aventureiros Tibianos. Embora, isto seja puramente uma questão de interpretação, é uma tentativa de explicar o motivo da imortalidade dos jogadores, desde que se considere que haja uma morte “real” no Tibia. Ainda que não exista sustentação para este conceito, ele certante é melhor do que não apresentar conceito algum. Portanto, em teoria, existem dois tipos de habitantes no Tibia: os imortais que podem morrer várias vezes e, aquele tipo que você ouve falar nas histórias e livros, os que tiveram uma morte nobre ou trágica e que nunca mais serão vistos novamente.
No jogo, não há referencias minuciosas quanto a isso, no entanto, por certas razões, alguma explicação deve ser dada, pois, em última instância, cada morte leva a diminuição do envolvimento dos jogadores com o jogo. Assim, é necessário mencionar este fato.
A falta de informações a esse respeito poderia ser atribuída ao fato dos deuses terem plantado algum tipo de ignorância em todas as criaturas conscientes, ou, talvez, seja apenas uma espécie de tabu. Da mesma forma que o ato de reencarnar, a ideia de um vórtice de almas parece ser uma experiência tão angustiante que ninguém quer falar sobre o assunto. Talvez, seja a mistura de ambas as idéias que cause a angústia. No entanto, no Tibia, há cultos referentes a essas circunstâncias. Atualmente, elas não estão presentes no jogo de forma tão proeminente, como eu tinha originalmente planejado. Mas, talvez, em algum momento no futuro, encontraremos tempo e espaço para expandir a ideia. Deveria ser óbvio que algo como a reencarnação esteja repleta de superstições. E, é alta a probabilidade de se acreditar que um sistema, mais ou menos estranho, possa evoluir a partir dela.

Vagamente ligado a isso também temos o fato de que existem certas raças na cosmologia Tibiana que, dentro do contexto de seu sistema de crenças, se prendem à ideia da ascensão por meio da realização de certas ações. Agora, aqui, é onde fica complicado, pois não há ninguém que possa dizer, com certeza, se alguém ou algo é apenas dotado de extremo poder ou, talvez, seja mesmo um deus. Deixe-me explicar o conceito de ascensão no Tibia…
Deuses ascendidos, não importando se são uma realidade ou apenas uma possibilidade, são provavelmente diferentes dos deuses originais. No entanto, isso não quer dizer nada a respeito de seu poder. Um deus ascendido – ao longo do texto, irei me referir a estas entidades desta forma – poderia ter uma melhor conexão e compreensão do mundo e, portanto, possuir uma influencia mais forte. Por outro lado, os deuses originais, provavelmente, tem acesso a certos recursos que são muito abstratos para que os ascendentes compreendam, a menos que, talvez, algum deles tenha ascendido em uma forma incrivelmente velha. Qualquer que seja o resultado metafísico da ascensão, se bem sucedida, certamente dará à luz a uma entidade extremamente poderosa.
Muitas das raças que perderam a fé em seus criadores têm procurado os ascendentes para a orientação e, talvez, poder. No entanto, por alguma razão, os resultados de adorar os ascendentes são, na melhor das hipóteses, discutíveis. Os elfos, por exemplo, creem veementemente em vários ascendentes. Existem relatos relacionados aos dias mortais deles, mas os contos a respeito das visões ou ajudas concedidas são controversos. No entanto, realmente, isso não difere dos resultados da adoração aos deuses originais. Os milagres associados a eles são apenas alguns e, há, até mesmo, quem os interprete como coincidências. Aparentemente, os deuses trouxeram um pouco de ordem para o mundo, para, em seguida, largá-lo sozinho a maior parte do tempo, após de terem visto a devastação causada, no passado, por sua interferência com os assuntos mundanos. Ironicamente, são os demônios as criaturas que, assumidamente, tem um contato mais próximo com seus criadores – mesmo isto sendo contestado por muitos como forma de rejeição a glória demoníaca.
Cabe aos jogadores interpretarem a vontade dos deuses da forma que melhor se adapte a seu estilo de jogo. É sua escolha se acreditar nos ascendentes, ou, quem sabe, inventar seu próprio mito da ascensão. Na realidade, dentro da linha de tempo da história Tibiana, a influência da ascensão e dos ascendentes é vista com maior destaque em Ankrahmun e Zao. Em Ankrahmun, o deus rei Arkhothep pacientemente trabalhava em sua própria ascensão através de meios místicos. Em torno dele surgiu um culto inteiramente voltado a crença de que o único e verdadeiro caminho para a ascensão se dá ao tornar-se um morto-vivo. Já em Zao, alguém, ou algo, trilha sua própria passagem para a ascensão (pela segunda vez), considerando que possa haver um caminho para a ascensão por conta própria.
Ambas as histórias baseiam-se em conceitos antigos que remontam aos primeiros tempos do Tibia. Mesmo que haja pouca evidência da interação dos deuses, ao menos não existe dúvida a respeito da real existência dos deuses originais. Embora a natureza dos deuses possa ser contestada, geralmente, as pessoas só tem conhecimento sobre as suas existências. Várias raças também acreditam que para ascender a divindade não é necessário ser um ser de todo consciente. Assim, segundo eles, é possível que alguma força da natureza ascenda. É por isso que os bárbaros creem no gelado vento do norte, que eles chamam de “chyll”, como uma força divina.
No entanto, esta teoria é descartada e vista como superstição por muitos outros. Eles argumentam que essas forças ainda permanecem presentes no mundo físico, enquanto os ascendentes reais não estão. Mesmo assim, inúmeros efeitos podem ser atribuídos a estas forças. Ainda assim, não é o fato de não se conhecer nenhum ascendente consciente que tenha permanecido no mundo dos mortais que não se pode ter ou que nunca haverá um deles.
É claro que, das muitas seitas obscuras, cultos e sociedades secretas que abraçaram a ideia da ascensão, de alguma forma, a já mencionada seita dos adoradores dos mortos-vivos de Ankrahmun é a mais conhecida delas. No futuro, certamente iremos ver mais desses cultos e ações, tanto dos ascendentes quanto daqueles que ainda estão em seu caminho, estejam certos ou errados. Os resultados da ascensão são, provavelmente, tão variados quanto os meios para alcançá-los. Para alguns, pode ser que se tornem algo relacionado ao princípio que defendem, enquanto outros almejam atingir um estado elevado com o intuito de fundirem-se com os pensamentos subconscientes de seus povos. Outros ainda, tentam criar seu próprio reino do “céu” para nele residir mais ou menos como no mundo físico. As possibilidades são infinitas.
Para os sábios contadores de histórias, todo este conceito é bastante útil: ele permite que você crie e incorpore um número ilimitado de deuses menores, sejam reais ou não, sempre que houver uma nova raça ou algo parecido sem ter que quebrar as regras de sua própria cosmologia. Você precisa de um culto de metamorfos adorando um escorpião? Não há problemas, aqui é apenas o ascendente que você está procurando! Assim, este conceito realmente oferece um palco para suas próprias histórias e imaginação.
Bem, é claro que também existem segredos fundamentais… questões a respeito do que está acontecendo, quem está planejando e com que finalidade. Isso é algo que nenhum Tibiano tem conhecimento, ainda que as referências neste sentido estejam extremamente escassas e que muitos, agora, venham a tentar interpretar o significado de qualquer coisa. É muito improvável que alguém acidentalmente encontre a sub-trama da qual eu estou falando. Mas, esta busca, não é realmente necessária, quando chegar a hora e ela crescer em importância, as peças do quebra-cabeça irão se reunir.
O que você acha sobre o conceito da ascensão no Tibia? Será que o seu personagem adora algum deus? Ou você considera a gênese uma mera ilusão? Talvez seja membro de um culto tibiano?
Compartilhe suas histórias!




Muito interessante. Gostaria que esse conceito de divindade fosse mais presente em Tibia, não apenas em crendices ou lendas, mas fisicamente mesmo. Muitos updates falando sobre cultos, demônios e seguidores de Zathroth em geral, enquanto Fardos, Uman, Banor (que poderia reencarnar) e outros deuses extremamente poderosos e bons nunca dão as caras. Será que eles ficarão assistindo estáticos o mal se aproximar de de sua querida criação Tibia e não farão nada? Confiam tanto assim nos seus heróis (nós)? Bem que os deuses poderiam nos conceder poder durante as batalhas mais difíceis (boost de skills, regeneração ou hits extras), isso poderia acontecer através de uma mensagem na tela. Outra ideia seria nos tornarmos seguidores fieis de algum deus ou semi deus e, através de ranks, nos fosse concedido vantagens. É um mundo fantasia, tudo é possível! ;p E DA-LHE GLADI!!!!!
“É muito improvável que alguém acidentalmente encontre a sub-trama da qual eu estou falando. Mas, esta busca, não é realmente necessária, quando chegar a hora e ela crescer em importância, as peças do quebra-cabeça irão se reunir.”
Interessante…
Pra mim esse assunto se encaixa na crença dos mortos vivos e a ascensão tratada nos livros de Ankrahmun.
Essa historia foi muito boa eme trouxe muito mais conhecimento sobre o tibia em questão de Crenças 😀
Interessante 🙂
Pow, nada a ver… perdi meu tempo lendo isso. Tibia é um jogo criado por uns caras na alemanha, não passa disso. haha